
Gravidez na Adolescência
A adolescência, segundo a Organização Mundial de Saúde, um período que envolve indivíduos com idades entre 10 e 19 anos. É etapa importante do desenvolvimento do ser humano para o amadurecimento da identidade biopsicossocial. É fase de transição envolvendo desde a infância até a vida adulta.
A gravidez na adolescência é considerada por muitos autores, um problema de saúde pública. Não é de alto risco, contanto que a adolescente tenha um acompanhamento adequado, boa alimentação, cuidados higiênicos necessários e apoio emocional. Também não é um problema da sociedade moderna, porque em todas as épocas as mulheres engravidaram na adolescência. É um problema da sociedade moderna a gravidez indesejada na adolescência, que ocorre de forma desestruturada.
- Como uma gravidez precoce pode afetar o corpo de uma adolescente?
A adolescente grávida passa por diversas modificações, não só na imagem do seu corpo, como também na esfera psicológica. É uma menina que passa a se transformar mais precocemente em mulher, e a mulher em mãe, em meio a um turbilhão de hormônios, dúvidas e imaturidade.
Os seios e a barriga vão crescer, inchar e se modificar, como em toda gestação. Muitas mudanças irão acontecer, e nesta fase da vida, tão contraditória, poderão ser mais complicadas. Assim, as consequências da gravidez na adolescência são de caráter orgânico e principalmente, psicossocial.
Numa gravidez precoce, mãe e filho podem sofrer.
Entre as mais prevalentes consequências negativas para a mãe estão:
– maior incidência de doença hipertensiva específica da gravidez, de morbidade e mortalidade no parto e no puerpério;
– desproporção feto-pélvica, impossibilitando o parto normal devido a posição ou o tamanho do bebê não permitirem passagem pelo canal de parto;
– partos prematuros;
– anemia;
– baixo ganho de peso;
– infecções.
Já sobre os bebês incidem maiores índices de natimortos, mortes perinatais, recém-nascidos de baixo peso, síndrome da morte súbita, hospitalizações por infecções e acidentes durante toda a infância.
- Quais tratamentos são indicados em casos de gravidez precoce? Existe diferença no tratamento?
As complicações médicas têm sido discutidas em vários países, sem que, no entanto, tenha-se chegado a conclusões definitivas. Sabe-se que, se for realizado um pré-natal adequado, voltado às necessidades da adolescente, os riscos são minimizados, podendo, muitas vezes, ser igualados aos das mulheres adultas.
O acompanhamento de pré-natal de qualidade é a forma mais eficaz e segura para qualquer gestação. Conversar com a gestante adolescente, esclarecer suas dúvidas, conscientizar como é a evolução da gestação e orientar sobre as responsabilidades são medidas essenciais para este acompanhamento, contando não só com o médico obstetra, mas com profissionais de várias áreas, como psicologista, nutricionista, assistente social.
Um fator relevante de risco é que as gestantes adolescentes apresentam menor número de consultas no pré-natal ou iniciam o acompanhamento tardiamente. Isso pode estar relacionado na dificuldade de assumir a gravidez, na insegurança e vergonha, nos conflitos familiares ou por desconhecerem a importância da assistência pré-natal e medo de exames obstétricos.
- Como levar uma gravidez precoce da melhor forma possível?
A gestante deve fazer as consultas médicas regulares, seguir as orientações, realizar os exames e tratamentos recomendados, alimentar-se bem e de maneira saudável.
O pai do bebê deve participar destas rotinas para uma boa evolução da gestação, dando apoio a sua parceira e diminuindo os riscos de complicações psicológicas. Além disso, não podemos esquecer que muitos deles são também adolescentes e se mostram inseguros perante a nova situação. Diante disso, deve-se estimular sua participação no pré-natal.
O apoio e auxílio da família também são importantes neste momento, uma vez que a gravidez na adolescência é marcada por muitas mudanças na vida, muitas vezes com impacto negativo no desenvolvimento sócio-econômico, pois muitas vezes há abandono dos estudos e afastamento dos colegas.
Participar de reuniões e grupos de apoio durante esta fase são medidas interessantes para encorajar e esclarecer o futuro desses adolescentes.
- Existem indicações pós parto específicas para gravidez precoce?
O pós-parto imediato deve ser realizado em alojamento conjunto, onde se inicia o vínculo e o aprendizado da mãe adolescente com seu bebê.
Após a alta hospitalar, é ideal que mãe e filho sejam acompanhados em ambulatório exclusivo e dedicado, que se esclareçam todas as dúvidas da mãe, ressaltem a importância do aleitamento materno e do retorno à escola e/ou ao trabalho. Fortalece-se o vínculo mãe-e-filho, mostrando-lhes como são capazes de criar seus filhos de maneira adequada e como elas estão saindo-se bem no papel de mães. Melhorar a auto-estima das jovens mães é fundamental para o sucesso na criação de seu filho. Nesse mesmo momento é iniciado o planejamento familiar, fazendo-se desde já a prevenção da reincidência da gravidez precoce. Estudo realizado nos Estados Unidos, em 1994, mostrava que 30% das gestantes adolescentes estavam novamente grávidas no período de um ano.
Os programas para adolescentes que tratam de temas como sexualidade, gravidez, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e AIDS devem, sobretudo, considerar os aspectos sociais, culturais e econômicos da comunidade em que são desenvolvidos, e conscientizar os jovens dessas problemáticas.